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Os 50 melhores álbuns de 2018

  • Foto do escritor: João Pedro Antunes
    João Pedro Antunes
  • 3 de jan. de 2019
  • 39 min de leitura

Atualizado: 19 de nov. de 2019

2018 foi um ano bastante interessante para a música. Vimos bandas como os Arctic Monkeys a voltar de um hiatus, bandas novas como os Pale Waves a emergir e também o lançamento de muitos álbuns de qualidade. Aliás, são tantos os álbuns que o meu plano original era fazer um top 10, mas não consegui evitar: aumentei a lista para cinquenta. Ora aqui vai:


50. Post Malone - beerbongs & bentleys

Géneros: R&B Alternativo, Pop Rap, Trap Rap Data de lançamento: 27 de Abril Editora: Republic Records É quase impossível encontrar alguém que, nos dias de hoje, não saiba quem é o Post Malone. Este senhor da rádio lançou o seu segundo álbum em Abril, que não recebeu críticas assim tão positivas mas ainda assim foi um sucesso comercial estrondoso, com hits como Better Now, rockstar e Psycho, que todos vocês reconhecerão, sem dúvida. Foi inclusivamente nomeado para os Grammys na categoria de "álbum do ano". Agora, o álbum não foi uma obra-prima. Longe disso. O ponto fraco do mesmo são as letras, que são muito pouco desenvolvidas e quase inteligíveis para alguém cuja língua nativa não é o Inglês. O lirismo deste álbum está repleto de paranóias, depressões, desgostos amorosos, fama e luxúrias de Rapper e Rockstar, mas de uma forma que roça demasiado o amadorístico. Contudo, o lado bom, e foi isso que permitiu este álbum entrar (por muito pouco) nesta lista, são os instrumentais, que são bastante catchy e que, por vezes, dão vontade de ir ouvir (e para eu ter vontade de ouvir com alguma regularidade um álbum que dura 64 minutos, é porque é minimamente bom, não é?).


49. Eminem - Kamikaze

Géneros: Trap Rap, Hardcore Hip-Hop, Pop Rap Data de lançamento: 31 de Agosto Editora: Aftermath / Interscope / Shady

Apenas oito meses após o lançamento do fracassad Revival, Eminem voltou com o lançamento deste álbum surpresa: Kamikaze. Este álbum é, na minha opinião, um dos dois únicos desde Encore que posso classificar de, no mínimo, "minimamente bom", juntamente com The Marshall Mathers LP2. Percebe-se que Eminem se deixou influenciar instrumentalmente (e apenas instrumentalmente) no Hip-Hop de hoje em dia. Vemos bastante Trap Rap por aqui, o que é irónico, visto que, nas letras, atira contra tudo e todos, inclusivamente e especialmente na nova geração do Hip-Hop. Ora, a maior parte das disses até são engraçadas e justas, como o início de Not Alike, que me parece ser uma paródia do hit Bad and Boujee, dos Migos; mas outras eram injustas e por vezes chegavam mesmo a ser golpes demasiado baixos, como na faixa Fall, em que Eminem ataca ferozmente o rapper Tyler, The Creator (mas, por outro lado, o Eminem é e sempre foi assim: polémico até dizer chega). Contudo, as mais importantes foram mesmo as disses destinadas ao rapper Machine Gun Kelly. Isto porque ele decidiu mesmo responder com uma diss-track 100% destinada ao Eminem, intitulada de Rap Devil, e que foi prontamente respondida de volta pelo mesmo, de uma forma absolutamente lendária e humilhante. Mas enfim, este álbum tem algumas faixas interessantes, como The Ringer, Greatest e Lucky You. Porém, apesar de até não ter sido mau, não consigo esconder: sinto saudades do velho Slim Shady. Mas ao menos este álbum alivia um pouco essa saudade.


48. XXXTentacion - ?

Géneros: Emo Rap, Soundcloud Rap, R&B Alternativo, Trap Rap

Data de lançamento: 16 de Março

Editora: Bad Vibes Forever / Caroline / Capitol Sim. Eu sei. XXXTentacion. Eu sei que ele é odiado por uma quantidade absurda de pessoas, quer seja por não gostarem do artista, da arte ou dos dois. Mas sei lá, nunca achei a arte dele péssima. Até acho que tem os seus pontos altos (mas também tem os seus pontos ridiculamente baixos).

XXXTentacion percebeu o sucesso do seu primeiro álbum, 17, então tentou reutilizar essa ideia para o segundo álbum: ? (aliás, o single principal, SAD!, parece-me seguir uma fórmula bastante semelhante à da de Jocelyn Flores, mas com um novo toque). Porém, o X não foi buscar inspirações exclusivamente do seu passado: vêm-se neste álbum inspirações em géneros mais "pesados", como o Rock. Os dois exemplos principais disso são Floor 555 e schizophrenia. Destaco também a presença da música latina em i don't even speak spanish lol, que se encontra em forma de sátira (pelo menos no meu ponto de vista), e que por isso até lhe acho piada. Contudo, existe algo que me faz bastante impressão neste álbum: vemos simultaneamente o X melhor (Moonlight e SAD!) e pior do que nunca ($$$ e SMASH!), e é exactamente por causa dos aspectos negativos do álbum que vejo-me obrigado a considerar este álbum inferior ao seu antecessor, mas não consigo ou quero achá-lo mau. Não quero saber se o artista era boa ou má pessoa - O Charles Manson era uma pessoa absolutamente horrível mas fazia música agradável.


47. Ariana Grande - Sweetener

Géneros: R&B Contemporâneo, Electropop, Dance-Pop Data de lançamento: 17 de Agosto Editora: Republic Após o lançamento do imensamente popular Dangerous Woman, Ariana Grande regressa, e mais matura que nunca. Neste álbum, Ariana explorou muito mais os géneros urbanos estadunidenses, com inspirações líricas em acontecimentos como o fim do seu namoro com o rapper Mac Miller (better off), noivado com actor Pete Davidson (pete davidson, duhh) e o atentado terrorista que ocorreu no seu concerto em Manchester, a 22 de Maio de 2017 (no tears left to cry). Apesar dos géneros que se verificam neste álbum não serem os meus favoritos - e esse é o principal porquê de estar tão baixo na lista - é, na minha opinião, o melhor da Ariana Grande e um dos melhores álbuns mainstream do ano.


46. Chukwudi Hodge - Great / Enough

Géneros: Hip-Hop Alternativo, R&B Alternativo, Pop Rap Data de lançamento: 2 de Março Editora: Independente Chukwudi Hodge é um artista interessante de ouvir. Tem beats bons, ainda mais quando se tem em conta que é um artista independente. Apesar deste álbum de estreia começar bastante mal, com a introdução Chinaka's Kitchen, rapidamente recupera e dá a volta com a segunda faixa - Bad Self - melhorando ainda mais a seguinte - Knockout - que é de longe a mais popular do álbum, contando com a participação do rapper Watsky. Outro ponto alto é a faixa Black Scranton, que tem, na minha opinião, o melhor beat e flow por parte do Chukwudi, e isto para não falar da brilhante interpretação do convidado, Wax (aliás, admito que, da primeira vez que ouvi a música, demorei a associar a voz com o Wax. A voz parece-me bastante diferente do normal dele). Apesar de o álbum não estar mau, tenho um pressentimento que o Chukwudi é capaz de melhor. Afinal, é o primeiro álbum dele. Ainda tem muito que evoluir e acredito que tem tudo para tal. A editora Steel Wool só ganhava com a contratação dele, visto que ele tem contactos, amizades e semelhanças musicais com muitos artistas que nela pertencem.


Géneros: Pop Rock, Electropop, Synth-Wave Data de lançamento: 9 de Novembro Editora: Warner Bros. / Helium-3

Não esperava muito deste álbum e não gostei dele após a primeira ouvida. Porém, com o tempo, passei simpatizar mais com ele. É verdade, tem o Something Human, que é, para mim, um forte candidato a pior single de 2018, mas também tem faixas bastante interessantes. O Pressure é uma música bastante animada, por exemplo. Destacam-se também Algorithm, The Dark Side e Propaganda. Aliás, no geral, a primeira metade do álbum é muito superior à segunda. Mas uma coisa é certa: É o melhor álbum da banda desde o The Resistance. Os três álbuns que antecederam Simulation Theory faziam parecer que a banda nem se esforçava, excepto numa faixa ou outra. Já aqui, apesar de não terem feito algo de espectacular e ao nível dos primeiros trabalhos, sempre tentaram fazer algo diferente do que têm feito ao longo desta década. Não é algo muito criativo, visto que é uma cópia do movimento musical retrofuturístico, com algumas mudanças para continuar a parecer um álbum de Muse, mas é agradável. Gostei do que eles tentaram fazer neste aqui. Só é uma pena que seja uma ideia de um álbum só. Chamar-lhes-ia burros se continuassem com esta ideia para álbuns futuros.


44. The Kooks - Let's Go Sunshine

Géneros: Indie Pop, Indie Rock, Pop Rock Data de lançamento: 31 de Agosto Editora: Lonely Cat Enquanto os Muse mudaram por completo o seu estilo, os The Kooks quiseram jogar pelo seguro e mantiveram-se os mesmos que sempre foram. Resultou. Let's Go Sunshine foi o maior sucesso comercial da banda desde Konk, de 2008. O álbum começa com Intro que, bem, faz o trabalho normal de uma intro. De seguida, temos Kids, que prova exactamente aquilo que disse anteriormente: a banda jogou pelo seguro e continuou com as energias positivas que fazem lembrar uma linda tarde de verão. Além de Kids, onde se nota mesmo, mesmo, mesmo que a banda não mudou nadinha desde o primeiro álbum, de 2006, são em faixas como Fracturated and Dazed ou No Pressure. Foi, no geral, um álbum bom que não desapontou fã quase nenhum. Mas também, isso não é surpresa nenhuma. Admitamos: para o público generalizado, é-lhes muito mais fácil aceitar algo que é quase igual ao normal do que o contrário.


43. The Good, The Bad & The Queen - Merrie Land

Géneros: Art Rock, Chamber Pop, Dark Cabaret

Data de lançamanto: 16 de Novembro Editora: Studio 13 Bem, acho que não é segredo nenhum que o Damon Albarn gosta de falar de política. Em 2017, por exemplo, usou, a partir do álbum Humanz, o nome dos Gorillaz para expressar a sua opinião acerca da eleição de Donald Trump para Presidente dos Estados Unidos da América. Já este álbum, que foi o primeiro sinal de vida do supergrupo britânico desde o seu primeiro álbum, lançado em 2007, aborda outro fenómeno político que marcou esta década: o Brexit. É basicamente uma longa carta de desaprovação a essa política, acompanhado por ondas de Dark Cabaret que dão um toque um pouco mais "escuro" ao álbum (aliás, a única diferença instrumental entre este álbum e o álbum a solo do Albarn - Everyday RobEveryda - é mesmo esse ambiente de Dark Cabaret). Além disso, enquanto o primeiro álbum é um longo "Ah, como é óptimo ser londrino! Londres é uma cidade bestial!", este segundo álbum é um longo "Londres e o Reino Unido estão em perigo e devemos fazer algo!", e enquanto nos tenta elucidar acerca da má decisão que é o Brexit, Albarn evoca também muitas idiossincrasias da população britânica, algo que não de todo novo, vindo dele (o primeiro exemplo que me veio à cabeça foi Parklife dos Blur).

Ah, agora um pouco fora do lirismo! Eu amo de morte o instrumental do The Truce the Twilight. Pronto. Está dito.

42. Logic - Young Sinatra IV

Géneros: East Coast Hip-Hop, Jazz Rap, Boom Bap Data de lançamento: 28 de Setembro Editora: Visionary / Def Jam

Aqui temos o último lançamento da franquia Young Sinatra e simultaneamente o único lançamento da mesma que é classificado como um álbum e não como uma mixtape (apesar de, na minha opinião, ser mais um híbrido de ambos). Tem muitos aspectos de East Coast Hip-Hop (até porque, bem, ele é de Maryland e vive em Nova Iorque há anos) e de Jazz Rock (e é neste género que Logic faz com que o álbum se assemelhe bastante com uma mixtape). Já as letras são um longo discurso digno de Ted-Talk: às vezes no bom sentido, outras vezes no mau. Quase todo álbum é constituído por mensagens motivacionais e em certas músicas chega a ser demasiado e consequentemente enjoativo (One Day). É também uma longa carta de agradecimento aos fãs, especialmente na faixa de abertura, Thank You, que foi, no meu ponto de vista, um gesto bonito da parte do Logic, mostrando importar-se com os fãs; contudo, estou convencido que essa faixa era só para os fãs, fazendo com que indivíduos que não se auto considerem fãs de Logic se sintam um pouco à parte logo nos primeiros sete minutos de álbum. É um álbum agradável de ouvir, apesar de não o fazer tão regularmente por ser demasiado longo. Facto interessante acerca deste álbum: a faixa 100 Miles and Running possui um verso no qual Logic canta cerca de 11,83 sílabas por segundo, sendo apenas um pouco menos rápido do que o famoso Rap God do Eminem.

41. Franz Ferdinand - Always Ascending

Géneros: Dance-Punk, Indie Rock, New Wave Data de lançamento: 7 de Fevereiro

Editora: Domino Records

Desde o primeiro álbum até aqui, os Franz Ferdinand foram se afastando gradualmente do Post-Punk Revival e adoptaram cada vez mais o New Wave. Neste álbum, vemos a banda escocesa abraçar fortemente esse mesmo género, ficando bem explícito logo na primeira faixa - Always Ascending.

Temos também Lazy Boy, que é uma música que, assim que ouves uma vez, ficas com ela na cabeça por dias e, como não poderia faltar num lançamento de Franz Ferdinand, uma canção romântica - The Academy Award.

Como disse Mário Lopes na sua crítica a este álbum, no Público, eles tinham "vontade de caminhar (...) para a pista de dança vestindo a melhor roupa dos anos 80 que sacaram do armário". Esta é a melhor maneira de resumir este álbum e eu próprio não sou capaz de o resumir melhor que isto.

40. X-Wife - X-Wife

Géneros: Indie Pop, Indie Rock, Post-Punk Data de lançamento: 6 de Abril Editora: Rastilho Records / Blackout Records Aqui jaz o primeiro álbum desta banda portunese desde 2011. Nele podemos ver, por exemplo, o single Movin' Up, que foi incluido na banda sonora oficial do FIFA16, tendo sido a segunda banda portuguesa a participar na banda sonora da franquia, depois da inclusão de 11:33 dos The Gift no FIFA06. Uma das principais razões de apreciar este álbum é pelas suas energias positivas constantes e cheias de electrónica. Admito que por vezes sinto que estou a ouvir um álbum dos Foster The People, o que não me incomoda de todo: aprecio bastante a música dos Foster The People.

39. It Looks Sad. - Sky Lake

Géneros: Dream Pop, Midwest Emo, Indie Rock

Data de lançamento: 9 de Novembro Editora: Tiny Engines

It Looks Sad. é uma banda modesta do Centro-Oeste dos EUA que ganhou popularidade em 2015 com o mini-EP Kaiju e tentou renová-la, sem sucesso. O álbum foi ignorado pelo público em geral, porém, é um álbum bastante interessante. Não traz nada de novo, mas mostra-nos o quão a música do Centro-Oeste estadunidense e a música Emo no geral mudou ao longo dos tempos. 38. Interpol - Marauder

Géneros: Post-Punk Revival Data de lançamento: 24 de Agosto Editora: Matador Interpol, uma banda pioneira do Post-Punk Revival, voltou à carga com um álbum que tem ondas muito semelhantes ao clássico Turn On The Bright Lights... outra vez. Os Interpol ainda não conseguiram esquecer o álbum que os levou à glória e que é por muita gente considerado o melhor álbum de Rock do século, até agora. O álbum começa de uma maneira extraordinária, com If You Really Love Nothing, The Rover e Complications, que me fizeram pensar que talvez os Interpol tenham criado algo diferente. "Já não era sem tempo" - dizia eu para mim próprio. Mas a partir daí, o álbum deixou de ser tão bom, o que me desapontou intensamente quando o ouvi pela primeira vez. Contudo, quando dei lhe dei outra oportunidade, já em mente que não era a masterpiece que esperava, consegui gostar mais dele e cheguei até mesmo a captar algumas ondas emprestadas pelos Yeah Yeah Yeahs e pelo trabalho mais antigo dos Tokyo Police Club, dois outros pioneiros do Post-Punk Revival. Mountain Child é um bom exemplo disso. É um bom álbum, sem dúvida, mas estou convencido que os Interpol ganhavam mais em esquecer o álbum de estreia para tentar servir algo novo aqui para a mesa. 37. Asian Kung-Fu Generation - Hometown

Géneros: Indie Rock, Powerpop, Pop Punk

Data de lançamento: 5 de Dezembro Editora: Ki/oon Music

Candidatos a melhor banda de Rock japonesa de sempre, os Asian Kung-Fu Generation pararam o Japão com o lançamento do novo álbum Hometown. Muitos não gostaram por já não ter os ritmos endiabrados que clássicos como Sol-fa tinham, mas eles voltaram parcialmente às suas raízes de Pop Punk e Powerpop, originários de EP's como The Time Past and I Could Not See You Again e isso põe-me feliz, visto que sempre gostei tanto do lado Pop Punk e Powerpop da banda. Apesar de amar com todas as minhas forças o famoso lado Post-Punk Revival e Garage Rock que os tornou tão populares no Japão e não só, sentia saudades do Power Pop deles. Se realmente só estás à procura dos "bons velhos" Asian Kung-Fu Generation neste álbum, então as tuas únicas esperanças estão na faixa Kouya Wo Aruke (ou em inglês, Walk in the Wild Land) e talvez algumas partes da Dancing Girl. 36. The Smashing Pumpkins - SHINY AND OH SO BRIGHT, VOL. 1 / LP: NO PAST. NO FUTURE. NO SUN

Géneros: Rock Alternativo Data de lançamento: 16 de Novembro Editora: Napalm É incrível como este álbum consegue transmitir um sentimento tão forte de nostalgia mesmo tendo sido lançado apenas há cerca de mês e meio. É como ouvir o icónico 1979 (especialmente em Silvery Ghosts (Sometimes)), que me dá um sentimento de nostalgia desgraçado sempre que o ouço. Além de nostalgia, o álbum também mostra, por vezes, energia (na faixa Solara, por exemplo), o que prova que os Smashing Pumpkins ainda são capazes de rockar à bruta. Vejo por inúmeras vezes as comunidades da Internet a referir que este é o pior álbum dos banda, juntamente com Zeitgeist, mas eu vejo-o mais como o melhor deles desde Adore.


35. JPEGMAFIA - Veteran

Géneros: Glitch-Hop, Hip-Hop Experimental, Hip-Hop Industrial Data de lançamento: 19 de Janeiro Editora: Peggy / Deathbomb Arc. Achas que o Eminem exagerou em Kamikaze, ao disparar por tudo o que é sítio? Bem... Então espera até ouvires Veteran, do JPEGMAFIA (também conhecido como Peggy). Neste álbum instrumentalmente frenético, glitchy e animalesco, vemo-lo mandar vir com, provavelmente, toda a gente que ele se lembrou que existia enquanto escrevia as letras. A lista é extensa: apoiantes de Extrema-Direita, Donald Trump, feministas, Kanye West, rappers de Soundcloud Rap, ultra liberalistas, brancos ultra-sensíveis, bloggers, todo o género do Rock e, os mais óbvios e mais recheados de humor negro, a já extinta comunidade online Neogaf (My Thoughts On Neogaf Dying, que consiste praticamente na repetição do refrão, em que Peggy canta "I don't care! I don't care!") e o vocalista dos extintos The Smiths - Steven Morrissey (I Cannot Fucking Wait 'Til Morrissey Dies. Sim. Ele ousou fazer isso). Apesar de todo o ódio instalado ao longo de todo o álbum, ele tem alguns pontos de vista interessantes e tanto a constante presença de humor negro como a fascinante instrumentalização tornam o álbum no mínimo bastante interessante. 34. joji - BALLADS 1

Géneros: R&B Alternativo, Emo Rap, Trip-Hop Data de lançamento: 26 de Outubro Editora: 88rising / 12Tone Music Quem diria que Filthy Frank, a autêntica máquina de memes e autor do álbum Pink Season e de vídeos como este fosse fazer um álbum destes? Ainda hoje custa a acreditar!... Joji, como é chamado agora, fez talvez o melhor álbum de Emo Rap que já ouvi. Temos músicas como Can't Get Over You (que são mesmo o tipo de música que costumo ouvir ao acordar, para (tentar) animar-me um pouco) e Why Am I Still In LA, que é bastante calma e trippy, tal como os singles que, supreendentemente, são o que mais se destacam, e de longe, neste álbum (Slow Dancing in the Dark, Test Drive e Yeah Right).


33. Linda Martini - Linda Martini

Géneros: Rock Alternativo, Post-Hardcore, Indie Rock Data de lançamento: 9 de Fevereiro Editora: Sony Music Entertainment / Sociedade Unipessoal Um dos orgulhos nacionais está nesta lista, também! Harmónicos, rítmicos e explosivos. Como sempre. E ainda bem! O álbum começa excepcionalmente bem, com o excelente, excelente Gravidade mas não fica por aí! Vemos mais da bela interpretação vocal de André Henriques em faixas como Boca de Sal e Se Me Agiganto.


32. Akio Suzuki & Aki Onda - ke i te ki

Géneros: Improvisação Electro-acústica, Campo-Acústico, Música Ambiente Alternativa Data de lançamento: 2 de Novembro Editora: Room40

Com certeza um dos álbuns mais interessantes e estranhos deste ano. Para os que desconhecem o Campo-Acústico: é a gravação de sons que não vem de instrumentos musicais nenhuns (o primeiro exemplo, dentro deste álbum, que me lembrei assim de repente foi o das bolas de snooker a cair com alguma frequência na faixa-título). Normalmente, esse tipo de gravações são usadas para simular certos sons em filmes (este vídeo elucida um pouco mais acerca do assunto), por isso, por mais estranho que pareça, este álbum é maioritariamente constituído por sons (feitos pelo japonês nascido na Coreia do Norte: Akio Suzuki) de um pedaço de borracha molhada a ser esfregado por outro pedaço de borracha molhada (ou balões, não sei muito bem), montes de fitas de cassetes a ser mexidas e remexidas e outras coisas absolutamente aleatórias, enquanto o japonês Aki Onda adiciona com alguma frequência uma ou outra batida electro-acústica, que faz com que eventualmente haja efeitos que faça com que, por exemplo, o ouvinte sinta que está debaixo de água (na faixa Yo Ru No T o Ba Ri, especialmente com fones postos). Mas o melhor trabalho de Aki Onda neste projecto invulhar está mesmo nos primeiros nove minutos da terceira e última faixa - Hi Ka Ri. Este álbum não é para todos, eu entendo isso perfeitamente. Inicialmente, eu também achei demasiado estranho mas eventualmente dei-lhe uma segunda oportunidade e... continuei a achá-lo estranho, mas no bom sentido. Acho que é o facto de ele ser tão invulgar que o torna tão especial.


Géneros: Art Pop, Synth-Pop, Pop Ambiente Data de lançamento: 30 de Novembro Editora: Dirty Hit / Polydor Parece que os The 1975 finalmente encontraram o caminho certo. Depois de dois álbuns apenas medíocres, eles decidiram tentar de novo. À terceira é de vez. Conseguiram. O resultado deste novo álbum é notavelmente bom e podemos tirar essa conclusão logo a partir da capa e do nome. Parece mais... Sério? Maturo? Nem encontro a palavra correcta, honestamente. O que é certo é que este álbum não correu mal. A única faixa que não aprecio é mesmo The Man Who Married A Robot / Love Theme por ser muito... forçado. Mas de resto, apreciei o álbum no geral e admito que fiquei surpreendido. Muitos dão a este álbum a alcunha de "OK Computer do século XXI". Não chego a tanto e acho exagerado e sem nexo, porém, é um óptimo álbum Pop. Um dos melhores que 2018 teve para oferecer, até. É bastante ambicioso. Começa com uma introdução bestial (The 1975), seguido de Give Yourself a Try (cujo riff originalmente não apreciava, mas com o tempo a minha opinião mudou para a posição oposta); temos também faixas interessantes como How To Draw / Petrichor, Sincerity Is Scary (que me faz lembrar, em alguns aspectos, Embarrassed dos BTS) e claro, talvez a minha preferida, I Always Wanna Die (Sometimes), que fecha o álbum de uma maneira óptima. Se tens medo de ouvir este álbum por não teres gostado dos dois primeiros primeiros álbuns da banda, então digo-te uma coisa: é o mesmo estilo, mas mais refinado. Vale a pena tentar. 30. Pale Waves - My Mind Makes Noises

Géneros: Synth-Pop, Pop Rock, New Wave, Indie Pop Data de lançamento: 14 de Setembro Editora: Dirty Hit / Interscope E agora é a vez de uma das maiores promessas da música alternativa em 2018. Esta banda de Manchester começou a dar nas vistas a partir da segunda metade de 2017, com o single Television Romance, mas quando veio 2018, veio também popularidade e reconhecimento para os britânicos liderados por Heather Baron-Gracie.

Este álbum está cheio de inícios de namoro, fins de namoro, maquilhagens, inocências amorosas e faltas de auto-controlo emocional durante uma festa da escola secundária. Temos faixas de partir o coração do quão inocente a personagem é (One More Time), outras absolutamente Glamour e flirty (There's A Honey) e outras cheias de sofrimento para com namoros acabados (Loveless Girl). Resumindo este álbum em poucas palavras: um autêntico retrato do espírito de uma adolescente alterna. Outro aspecto que gostaria de destacar é a guitarra que a Baron-Gracie usa com grande regularidade neste álbum (e não só): a Vox Phantom XII Vintage, de doze cordas. É uma guitarra excelente para este tipo de música e acrescentou bastante à sonoridade do álbum. Ora, vem mesmo a calhar! Um vídeo com a guitarra em acção! Eu diria que quem gosta de filmes coming of age como Adventureland, As Vantagens de Ser Invisível ou Juno vai gostar deste álbum, de certeza. É experimentar. 29. Blossoms - Cool Like You

Géneros: Indie Pop, Synth-Pop Data de lançamento: 27 de Abril Editora: Virgin EMI

Apesar de estar longe de ser um álbum tão excitante quanto o genial homónimo, que tinha musicões como Charlemagne, Honey Sweet e Blown Rose, este álbum ainda é divertido e ainda dá vontade de dançar. Arranca com o single There's A Reason Why (I Never Returned Your Calls), que apesar de não arrancar tão bem o álbum como Charlemagne arrancava o seu antecessor, ainda fez o seu trabalho de uma maneira bastante decente. Outras passagens interessantes deste lançamento são Cool Like You e How Long Will This Last?, que dão uma vontade desgraçada de dançar modo Disco Stu. Enfim, vale a pena ouvir.

28. Kanye West - ye

Géneros: Pop Rap, Neo-Soul, Art Pop

Data de lançamento: 1 de Junho Editora: GOOD / Def Jam Kanye West lançou um novo álbum em Junho. Não é o ponto mais alto da carreira a solo dele (talvez o contrário), mas ainda assim é um álbum bastante interessante. Está repleto de comentários acerca de diversos aspectos da sua vida: a sua condição mental - bipolaridade; os seus pensamentos mais negros (I Thought About Killing You); o seu o vício pelo ópio (Yikes) e muitos outros. É uma viagem de 24 minutos pela mente complicada e confusa de Kanye West. 27. Dead Combo - Odeon Hotel

Géneros: Jazz Latino, Jazz Rock, Blues Rock Data de lançamento: 13 de Abril Editora: Sony Music Entertainment Inc. Em 2018, os Dead Combo deram o "check-in" no Odeon Hotel e, como podemos ver na capa, trouxeram bastante companhia. O duo constituído por Pedro Gonçalves e Tó Trips colaboraram não só com músicos nacionais, mas também internacionais. Para começar: é produzido pelo chileno-americano Alain Johannes, que já trabalhou com alguns titãs musicais, como os Queens of the Stone Age. Instrumentalmente, Odeon Hotel teve certas mudanças em relação aos álbuns anteriores, ficando logo bem explícito na primeira faixa - Deus Me Dê Grana. É mais abrasileirado. Segundo Pedro Gonçalves, uma das razões de o estilo ter sido tão diferente foi o facto de terem começado a gravar a bateria, algo que ficava sempre para último lugar. Além da diferença da sonoridade, destacam-se também as imensas referências a Fernando Pessoa (Desassossego e I Know, I Alone, cantado pelo vocalista dos já extintos Screaming Trees) e a homenagem ao icónico membro dos Xutos & Pontapés - Zé Pedro - que faleceu no final de 2017 (Egyptian Magician). 26. Speedy Ortiz - Twerp Verse

Géneros: Indie Rock, Indie Pop, Lo-Fi Indie, Noise Pop Data de lançamento: 27 de Abril Editora: Carpark Records Apesar de já não apostarem tanto em reviver o Grunge (com a sua pitada Indie Pop e Noise Pop) como fizeram no excelente Major Arcana, a banda de Massachusetts ainda rocka à sua maneira. E, parte boa: é o álbum mais acessível deles. Como prova de tal, temos o single Lucky 88, que se tornou numa das músicas mais populares da banda, junto de canções como No Below. Quem aprecia bandas como Wolf Alice irá com certeza gostar deste álbum. 25. Kero Kero Bonito - Time 'n' Place

Géneros: Twee Pop, Synth-Pop, Noise Pop, Dream Pop Data de lançamento: 1 de Outubro Editora: Polyvinyl Records Depois do esmagador sucesso alternativo Bonito Generation, o trio britânico Kero Kero Bonito lança, de surpresa, o seu segundo álbum, que na minha opinião mostra uma banda mais bem desenvolvida e matura. O trio quis manter as ondas fofas, açucaradas e cor-de-rosa que os caracterizam, mas quiseram também ser imprevisíveis e mudar muitas vezes o ritmo sem aviso prévio (muito, muito principalmente em Only Acting, que é instrumentalmente muito fofo, querido e Twee Pop até que a certa altura se instala o caos e a faixa dá glitch atrás de glitch. Até me fez lembrar o videojogo Doki Doki Literature Club: é tudo muito fofinho e tal, mas quando dás por ti o jogo está todo fodido, corrompido e assustadoramente interessante e excitante) mas a esmagadora maioria do álbum é uma nuvem cor-de-rosa com muitos ventos vindos do Japão. Liricamente, o álbum também é interessante: é uma linha de pensamento da vocalista Sarah Midori Bonito acerca do quão material o ser humano é, abordando também alguns assuntos como a capacidade do ser humano de se lembrar mais ou menos eficazmente do passado e como aquilo que não é material fica sempre gravado na nossa mente, criando sentimentos como a saudade e a nostalgia. É um álbum bastante bom. Melhor do que o seu antecessor, na minha opinião. 24. Yo La Tengo - There's A Riot Going On

Géneros: Pop Ambiente, Indie Rock, Dream Pop Data de lançamento: 16 de Março Editora: Matador

Na indústria musical desde 1984, a banda americana lançou o seu décimo quinto álbum, onde apostou em música calma que poderia muito bem ter entrado na banda sonora de qualquer jogo da franquia Life is Strange. É um álbum que me faz lembrar uma calma antes da tempestade (semelhante a Music From Before The Storm dos Daughter, em muitos sentidos). Temos faixas que vão directamente do interior para o exterior, como She May, She Might, que capta exactamente aquilo que ainda agora referi. Basicamente, é um álbum perfeito para meditações ou para acalmar alguém antes de um momento stressante. 23. Low - Double Negative

Géneros: Glitch Pop, Pop Ambiente, Slowcore Data de lançamento: 14 de Setembro Editora: Sub Pop Os Low quiseram pegar no Slowcore que lhes é tão característico, e a partir dele criaram algo do mesmo género mas tão incaracterístico e ambicioso, do lado bom. É um álbum bastante criativo que dá esperanças à música vanguardista e, para mim, ouvi-lo é como contemplar uma das únicas paisagens belas no meio de um mundo apocalíptico.

22. PAUS - Madeira

Géneros: Rock Experimental, Post-Rock, Rock Electrónico Data de lançamento: 6 de Abril Editora: Sony Music Entertainment Inc. / Sociedade Unipessoal Os Paus sempre fizeram os seus álbuns sem grandes planos. Chegam ao estúdio e gravam aquilo que lhes vem na gana. Este álbum não é excepção. Nele, a banda fala bastante sobre o Arquipélago da Madeira, mas também do facto de cada pessoa ser uma ilha. Contudo - sou honesto - por mais interessantes que possam ser as letras, é o instrumental que faz este álbum. De longe. Os Paus decidiram adoptar um estilo mais tropical mas ainda assim bastante experimental, marcado pela bateria siamesa de Quim Albergaria e Hélio Morais, que é um autêntico motor sonoro muito bem coordenado. Blusão de Ganza I, L123 e Olhar de Rojo são alguns dos exemplos bem concretos disso. A acompanhar o duo percussionista, temos o baixista nipónico-português Makoto Yagyu, que faz um show quase psicadélico. Enfim, é uma das melhores bandas portuguesas da actualidade, e tanto portugueses como indivíduos que não falam o Português deveriam ouvir este álbum pelo menos uma vez na vida.


21. MGMT - Little Dark Age

Géneros: Synth-Pop, Neo-Psychadelia, Pop Psicadélico Data de lançamento: 9 de Fevereiro Editora: Columbia Records Em 2007, os MGMT lançaram a estreia Oracular Spectacular, que foi bastante aclamado pelas críticas e pelo público e é considerado por muitos um dos melhores álbuns Indie do século XXI até agora. De seguida, enquanto todos esperavam que eles seguissem a mesma fórmula, eles lançaram dois álbuns - Congratulations (2010) e MGMT (2013) - que foram dois valentes manguitos para o público, pois nenhum dos dois conseguiu chegar, sequer, aos calcanhares do álbum de estreia em termos de aclamação (apesar de eu, pessoalmente, ter apreciado bastante o Congratulations). Quando tudo parecia perdido para os MGMT, que decidiram entrar em hiatus e chegaram inclusivamente a questionar o significado e propósito da música da banda, eles encontraram motivação na eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos da América. A glória retornou. Foi o álbum mais aclamado desde Oracular Spectacular. Para retornar à glória antiga, o duo cedeu parcialmente às exigências do público. Voltámos a ver as batidas electrónicas de Oracular Spectacular, mas desta vez de uma forma mais "escura" e viradas para o Psicadélico. 20. Bryan Ferry and His Orchestra - Bitter-Sweet

Géneros: British Dance Band, Swing, Cabaret, Jazz Tradicional Data de lançamento: 30 de Novembro Editora: BMG Rights Management

"Hey! Então mas não contavam só álbuns de 2018?!" - Bem... Pode parecer um álbum de 1920-1940, mas a verdade é que foi lançado em 2018. Foi uma autêntica viagem no tempo, cuja primeira paragem foi Alphaville, que tem um ambiente de bares de Nova Orleães durante a Lei Seca. Pois bem, é esse o ambiente que se verifica em todo o álbum, mas com umas faixas com mais Cabaret, outras com mais Jazz Tradicional, outras divididas igualmente entre os dois géneros, muitas vezes refinados com a voz suave e embaladora de Bryan Ferry. 19. GAS - Rausch

Géneros: Techno Ambiente, Música Ambiente, Drone Data de lançamento: 18 de Maio Editora: Kompakt Mais um álbum de GAS (o projecto mais popular de um dos DJ's de Techno Minimalista mais influentes da actualidade - o alemão Wolfgang Voigt): Rausch. Este álbum faz-me lembrar bastante a discografia dos 2814, mas em vez de se focar em ser o espírito retrofuturista da música Techno, foca-se em ser a floresta da mesma, sendo o mais calmo, meditador e minimalista possível. Óptimo álbum para tentar dormir ou estudar. 18. Machine Girl - The Ugly Art

Géneros: Hardcore Digital, Synth-Punk, Electro-Industrial Data de lançamento: 12 de Outubro Editora: Kitty on Fire Records Mais um álbum Industrial a vir! Desta vez vem do nova-iorquino Machine Girl, que deverá ser uma cara mais que familiar para quem é fã de música Industrial. Neste álbum selvagem, podemos ver influências bastante profundas nos Death Grips, um grupo de Hip-Hop Industrial. Faz-me lembrar bastante The Money Store, que foi "só" um dos maiores sucessos de sempre, dentro do seu género. Este factor é simultaneamente bom e mau, visto que até fez um trabalho excelente em simular o estilo musical dos Death Grips (sendo essa a principal razão por estar no Top 20), mas não é um álbum criativo, mas sim uma emluação dos ritmos e ondas de outro grupo (sendo essa a principal razão por não estar no Top 10). Apesar de tudo isso, é um álbum bonito. É selvagem, como qualquer lançamento Industrial deve ser. 17. Anderson .Paak - Oxnard

Géneros: Neo-Soul, West Coast Hip-Hop, Funk Data de lançamento: 16 de Novembro Editora: Aftermath / OBE / 12 Tone / ADA Anderson .Paak voltou à carga com mais um álbum funky e bastante animado, trazendo com ele convidados de grande calibre, como Pusha T (Brother's Keeper), Snoop Dogg (Anywhere) e Kendrick Lamar (Tints). Honestamente, este lançamento está nível do genial antecessor Malibu. Está cheio de ondas animadas e californianas, principalmente em musicões como Who R U?, Tints, Mansa Musa e Left to Right. Aconselho fortemente este álbum a qualquer fã de Neo-Soul, Funk ou até mesmo de R&B Contemporâneo. 16. Tim Hecker - Konoyo

Géneros: Música Ambiente, Electro-Acústico, Drone, Gagaku Data de lançamento: 28 de Setembro Editora: sunblind music Tim Hecker, um dos ícones da música electro-experimental, lança mais um álbum para adicionar à sua já razoavelmente vasta discografia. Nele, podemos ver um conflito entre a tecnologia e o artesanal. Continuamos a ter o Electro-Acústico Ambiente (com algumas insirações no Shoegaze, principalmente em In Death Valley e is a rose petal of the dying crimson night) que já é rubrica do artista, mas agora também com bastantes ondas Gagaku (um estilo musical originário do Japão), principalmente na faixa Across to Anoyo. Definitivamente um dos melhores álbuns ambientais do ano. 15. Avantdale Bowling Club - Avantdale Bowling Club

Géneros: Jazz Rap, Modal Jazz, Hip-Hop Consciente Data de lançamento: 16 de Agosto Editora: Years Gone By Agora é a vez deste grupo de Jazz Rap neozelandês, que apesar de ser classificado como grupo, ainda só é constituído pelo Rapper Tom Scott, que prefere ser classificado como grupo por estar aberto a novos elementos, mas enquanto estes não aparecem, gravará em solo com o nome dos Avantdale Bowling Club. Não é caso único. O caso mais famoso é provavelmente o dos Panic! at the Disco, que ainda são uma banda porque o único membro restante quer continuar a escrever em nome do grupo, deixando em aberto a entrada de um novo membro no futuro. Mas voltando ao álbum: este grupo é um dos ícones do Hip-Hop neozelandês, tendo começado a ganhar popularidade em outros países após um utilizador do RateYourMusic ter publicado uma crítica ao mesmo no website. O álbum inclusivamente conseguiu conquistar o 22º lugar nos charts de final de ano da comunidade. Mas o que é que fez tanta gente se interessar neste álbum assim tão de repente? Bem, vamos começar com o facto de o Hip-Hop não ser sequer de perto um dos géneros com maior significância artística na Nova Zelândia, logo, ver um álbum de Jazz Rock, que é um género em crescimento, vindo desse mesmo país é algo realmente incomum. Por estas mesmas razões, o pessoal foi ouvir e gostou. Eu inclusive. Apesar de apreciar bastante rap agressivo e animalesco, como o Hip-Hop Industrial, também são muitas as vezes em que o que me apetece mesmo é um Rap gentil e suave. Bem, Avantdale Bowling Club é perfeito para isso. Faixas como F(r)iends e Water Medley são leves e têm um flow excelente. Para quem prefere o seu Hip-Hop bem pensado liricamente e sem ritmos endiabrados, este é O álbum. É uma grande promessa do Hip-Hop, vale 100% a pena. 14. Kikagaku Moyo - Masana Temples

Géneros: Rock Psicadélico, Krautrock, Folk Psicadélico, Raga Rock Data de lançamento: 5 de Outubro Editora: Guruguru Brain Masana Temples é o quarto álbum desta banda japonesa que já teve fases de Jazz, Space Rock e Progressivo. Desta vez, entraram numa fase de imensas inspirações. Nele, podemos ver instrumentalizações baseadas em todo o tipo de música Oriental, como a música Raga, originária da Índia (Entrance), e a música tradicional japonesa (Amayadori, mas com algum Techno minimalista pelo meio). Mas, além de música Oriental, também vejo bastantes semelhanças com a música alternativa portuguesa (Gatherings, por exemplo), e ao pesquisar, descobri que a banda viajou até Lisboa para poder trabalhar com o músico português Bruno Pernadas. Pois bem, tudo isto criou um dos álbuns psicadélicos do ano. 13. Polyphia - New Levels New Devils

Géneros: Math Rock, Djent, Trap [EDM], Jazz Fusion Data de lançamento: 12 de Outubro Editora: Equal Vision Records / Rude Records Depois de dois álbuns de Metal Progressivo que, pessoalmente, não apreciei muito, a banda texana Polyphia acerta em cheio. New Levels New Devils é um álbum bastante atento ao pormenor, mas com ambientes diferentes. Temos faixas em que se vê o Jazz como uma das principais inspirações (Bad), outras onde existem algumas sequências de electrónica que fazem lembrar bastante músicas de Trap ou de EDM (Drown), outras que vão a toda a velocidade (O.D.), outras que são um caos planeado, por estar tão bem organizado e coordenado (G.O.A.T.) e inclusivamente uma que parece vindo de uma personagem de anime que está a pensar num plano super-pormenorizado (Death Note), mas todas elas têm estes aspectos em comum: o Djent, o Math Rock e as batidas funky. 12. Paul McCartney - Egypt Station

Géneros: Pop Rock, Art Rock, Pop Barroco Data de lançamento: 7 de Setembro Editora: Capitol Records O nosso velho Beatle prova que ainda não está ultrapassado de todo. Não é com se ele tivesse que provar a alguém o que quer que seja, já provou mais que suficiente "apenas" ao ser o baixista dos Beatles, que foram outrora considerados "mais célebres que Jesus Cristo". Mas manter a forma não dói. Este décimo sétimo álbum a solo de Paul McCartney é, na minha opinião, o melhor álbum de Pop Rock de 2018. Nota-se imenso que a nostalgia foi a principal inspiração. Isto porque, em muitos aspectos, Egypt Station assemelha-se com o lendário, clássico e inesquecível Abbey Road dos Beatles (apesar de, claro, não lhe chegar aos calcanhares). Por isso, este álbum agrada não só a fãs de Pop Rock e do trabalho do McCartney como de certeza agradará a fãs de Beatles que estejam dispostos a sniffar o trabalho do nosso velho conhecido. 11. AURORA - Infections of a Different Kind (Step 1)

Géneros: Art Pop, Synth-Pop, Pop Ambiente, Folktronica Data de lançamento: 28 de Setembro Editora: Decca Records / Universal Records O que a norueguesa AURORA fez aqui foi pura arte e sem dúvida um dos melhores álbum de Art Pop do ano (só é mesmo ultrapassado pelo 5º lugar desta lista). É um álbum melancólico, acompanhado por uma voz angelical e doce. Segundo a própria artista, o álbum fala da natureza do Ser Humano: como nos amamos a nós próprios e ao próximo mas ao mesmo tempo machucamo-nos a nós próprios e a terceiros, fazendo de nós uma espécie tão bela mas ao mesmo tempo tão horrível; tão empáticos mas ao mesmo tempo narcisistas. Todas as faixas deste álbum mostram uma cantora bastante talentosa, ambiciosa, positiva e aventureira. Na minha opinião, estes quatro factores são tudo o que é necessário para conseguir evoluir cada vez mais a nível musical (e não só). Deposito toda a minha fé na sequela deste álbum. 10. Sunflowers - Castle Spell

Géneros: Rock Psicadélico, Psych Punk, Garage Rock, Noise Pop Data de lançamento: 9 de Fevereiro Editora: Only Lovers Records / O Cão da Garagem Insanidade, descontrolo, rebeldia, surrealismo e convulsões. É isto que os portugueses Sunflowers parecerem querer transmitir com este segundo álbum. Depois de The Intergalactic Guide to Find the Red Cowboy (que deu a esta banda portuense um boost que lhes permitiu actuar em grandes festivais como o Vodafone Paredes de Coura, o Super Bock Super Rock e, já fora de território lusitano, o Inner City Psych Fest, na África do Sul, e Festival Indigènes, na França), eles voltam à carga, lançando um álbum não assim tão diferente, com a ajuda do baixista dos 800 Gondomar, que inclusivamente participou em diversos concertos das tours da banda. Continua a ser um álbum sobre assuntos pouco falados mas não muito sérios. Aliás, como disse o vocalista-guitarrista Carlos de Jesus numa entrevista à webzine Threshold, "já não há músicas sobre pizzas e coisas assim". É um álbum absolutamente bestial e ouçam o que eu vos digo: Esta banda é uma das maiores promessas da música alternativa portuguesa e são muito bem capazes de no futuro serem grandes no seu género tanto em Portugal como além-mar. 9. Invisible Inc. - Fine Print

Géneros: Hip-Hop Abstracto, Pop Rap, Hip-Hop Consciente Data de lançamento: 30 de Março Editora: Steel Wool Em 2007, três colegas de turma quiseram entrar de vez na indústria musical, por isso juntaram-se e criaram uma banda, de seguida lançando um álbum homónimo puramente Jazz Hip-Hop. Contudo, devido à inexperiência dos três, o álbum saiu bastante amadorístico e após uma tour, os caminhos dos três separaram-se. Cada um traçou o seu caminho e o que teve maior sorte foi o frontman George Watsky, que se tornou num artista solo de Hip-Hop com um sucesso bastante razoável, tendo ganho a alcunha de "Michael Cera do Hip-Hop" devido aos seus versos goofy (no bom sentido) e de "Pale Kid Raps Fast", devido ao vídeo viral do mesmo nome. Após Watsky lançar o seu álbum x Infinity (que digo, desde já, que é dos meus álbuns favoritos) em 2016, ele decidiu pegar nos ex-colegas de turma, pôr o rapper Adam Vida ao barulho, e gravar só mais um álbum com a sua antiga banda. Com isso, os velhos Invisible Inc., agora muito mais experientes e com mais um membro, gravaram Fine Print e lançaram-no em 2018. Este álbum é bastante interessante. Não só por ser abstracto, mas porque conseguimos ver a evolução dos membros da banda em onze anos, que foi astronomicamente positiva. Além disso, a adição de um segundo rapper deu muito ao álbum, como uma segunda perspectiva, o que é extra-importante quando há opiniões políticas pelo meio (The Opposition, por exemplo). Além disso, admitamos, o Suck City Tour Guides não seria o mesmo com apenas um rapper. 8. Death Grips - Year of the Snitch

Géneros: Hip-Hop Abstracto, Hip-Hop Experimental, Hip-Hop Industrial Data de lançamento: 22 de Junho Editora: Third Worlds / Harvest Records Aqui está ele, o décimo primeiro lançamento em sete anos dos Death Grips. Desta vez, temos um álbum tão surrealista quanto a capa. Um absoluto espectáculo de experimentações e o maior alien na discorgrafia do trio desde The Money Store, tanto instrumentalmente como liricamente. O álbum começa com Death Grips Is Online que, digo-vos já, é apenas a ponta do Iceberg. Se não gostas desta faixa por ser demasiado "esquisita", podes parar já aí. Vais odiar o álbum. Mas, se quiseres continuar, tens pela frente faixas absolutamente caóticas como Shitshow, Disappointed e The Fear, já para não falar da letra absolutamente bizarra de Flies e inclusivamente uma colaboração com o director da franquia cinemática Shrek: Andrew Adamson (eu até vos diria que é bastante estranho, mas a partir do momento em que o Robert Pattinson colaborou enquanto guitarrista na música Birds, deixei de estranhar qualquer colaboração que seja. Simplesmente assumo que o trio tem, de alguma maneira, um click criativo com pessoal inesperado). Enfim. Não é um álbum para todos, e eu entendo isso. Até creio que é o objectivo deles. Porém, se és corajoso o suficiente para tentar algo novo, este é o álbum. 7. cv313 - analogue dreams

Géneros: Techno Ambiente, Dub-Techno, Música Ambiente, Campo-Acústico

Data de lançamento: 7 de Março Editora: Echospace Um álbum absolutamente genial. Tem muito aspectos semelhantes ao Rausch do GAS, mas também consegue extrair o melhor do ke i te ki de Akio Suzuki & Aki Onda. Possui um Techno calmo, meditador e minimalista enquanto tem, por vezes, sons bastante agradáveis vindos da Natureza, como o vento a passar pelas folhas das árvores e a água a cair. Eis a melhor maneira de ter uma experiência arrepiantemente boa com este álbum: põe fones, deita-te na cama, põe este álbum a tocar e fecha os olhos. Isto porque, pelo menos quando eu faço isso, começo a visualizar uma floresta à beira-rio, vem-me o cheiro a terra molhada e exploro esse vasto espaço imaginário. É definitivamente uma experiência engraçada. Além disso, este álbum acalma-me. Ouvi-o muitas vezes ao longo do ano, em momentos em que me sentia especialmente stressado ou incomodado. 6. Thom Yorke - Suspiria (Music For The Luca Guadagnino Film)

Géneros: Banda sonora de filme, Dark Ambient, Música Electro-Progressiva Data de lançamento: 26 de Outubro Editora: XL Recordings Sou-vos sincero, nunca pensei que Luca Guagagnino escolhesse o frontman dos Radiohead - Thom Yorke - para gravar a banda sonora para o filme de Terror Sobrenatural Suspiria, e muito menos pensei que ele aceitasse, até porque ele recusou propostas semelhantes para, por exemplo, Fight Club (se bem que os Dust Brothers fizeram um esplêndido trabalho nesse filme). Mas pronto, cá está ele, pré-nomeado para os Óscares com esta banda sonora incrível. Thom Yorke experimentou muito por aqui, chegando a tocar, por vezes, Neo-Psychedelic e Art Pop mas, como seria de esperar numa banda sonora, ficou-se principalmente pela música ambiente, mas música ambiente escura e arrepiantemente assustadora. Estou-me inclusivamente a lembrar de um tweet da vocalista dos Paramore - Hayley Williams - em que ela referia que este álbum era bastante assustador e que ficou quase que aterrorizada depois de o acabar. Mas meio que é este o objectivo: ser um álbum de terror; spooky até dizer chega. Só tem um senão: dura cerca de oitenta minutos. 5. Arctic Monkeys - Tranquility Base Hotel + Casino

Géneros: Lounge Pop, Art Rock, Rock Psicadélico, Piano Rock Data de lançamento: 11 de Maio Editora: Domino Records De certeza que é um álbum de Arctic Monkeys? Bem, sim. A popular banda entrou em mais uma fase, depois de ter lançado AM, que os lançou de vez para o mainstream com hits como Do I Wanna Know? e R U Mine?, numa altura em que já tinham convencido repetidamente a indústria musical alternativa com, por exemplo, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not. A verdade é que, enquanto muitos pensavam que a banda entrou em hiatus, eles começaram foi a preparar este álbum pouco tempo após o fim da tour de 2013/2014. A principal razão por este álbum ser tão diferente de todos os outros deles é o facto de ter sido gravado, desta vez, com base no piano, após tantos álbuns comandados pelos ritmos endiabrados da guitarra. Além disso, o próprio vocalista - Alex Turner - admite que, liricamente, se inspirou muito em livros que leu, filmes que viu e videojogos que jogou, algo que nunca havia feito antes e achava ser uma mais-valia para a construção de um álbum. Resultou. O álbum começa com Star Treatment, onde se nota logo que é comandado pelo piano. Achei bastante engraçado e irónico como as primeiras palavras que Alex Turner diz aos fãs, que estiveram cinco anos à espera deste momento, neste álbum são: "Eu queria apenas fazer parte dos The Strokes". O álbum passa-se num hotel chique no meio do deserto (do estilo daqueles que vemos nos desertos dos arredores de Las Vegas) e vemos nele bastantes ondas de Lounge Pop e de Art Rock, começando pelo single principal - Four out of Five - que fala sobre o facto de as críticas quase nunca darem uma crítica perfeita ao que quer que seja, guardando-a para um cenário utópico que provavelmente não existirá (ironia do destino: a classificação mais frequente deste álbum por parte das críticas são de quatro estrelas). Temos também baladas dedicadas ao sexo oposto (She Looks Like Fun e The Ultracheese) ou faixas com títulos desnecessariamente grandes e pormenorizados mas de boa qualidade musical (dos mesmos que trouxeram em álbuns anteriores faixas como You Probably Couldn't See For The Lights But You Were Staring Straight At Me e Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair, temos agora The World's First Ever Monster Truck Front Flip), como não haveria de faltar num álbum de Arctic Monkeys. Consigo perceber o porquê de certos fãs não gostarem deste novo álbum. A esmagadora maioria estava à espera de um álbum que tentasse perseguir o mainstream (apesar de no Reino Unido isso já ser algo quase garantido. Tal como literalmente todos os outros álbuns da banda, entrou em 1º lugar nas charts do país, já para não falar que, em termos de vinis, foi o maior fast-selling dos últimos 20 anos no território), e outra grande porção de fãs esperava por um outro icónico álbum de Indie. Em vez disso, fizeram um álbum que pareceu ser especialmente desenhado para que o Alex Turner pudesse fazer poses chiques no seu blazer beje e óculos de sol ainda mais chiques que as poses. Foi, para muitos fãs, especialmente aqueles dois grupos que referi acima, como se lhes tivessem dado um chocolate com uma aparência deliciosa mas perceber, após a primeira trincadela, que é na verdade um chocolate de coco. Pois bem, uma boa porção da fandom curtiu do álbum, entre eles eu. Não gosto de chocolate de coco, mas posso dizer com toda a certeza que este álbum é música para os meus ouvidos.

4. Kids See Ghosts - Kids See Ghosts

Géneros: Pop Rap, Hip-Hop Experimental, R&B Alternativo, Art Pop, Neo-Psychedelica Data de lançamento: 8 de Junho Editora: GOOD / Def Jam Kid Cudi e Kanye West juntaram forças para criar o duo Kids See Ghosts e de seguida lançar o álbum honónimo, que foi genial. G E N I A L. Absolutamente genial. Os dois sempre tiveram uma amizade mútua e sempre se inspiraram musicalmente um no outro. Uma colaboração era apenas uma questão de tempo (ou pelo menos eu nunca tive dúvidas que a colaboração era algo inevitável e que ambos tinham uma química tão boa). Além disso, eles foram bastante inteligentes na escolha dos produtores. A lista de produtores neste álbum é vasta, mas destacam-se Mike Dean (que já trabalhou não só com Kanye mas também com 2Pac, Nas, Jay-Z, Chainz, Desiigner, Travis Scott, Migos, Tech N9ne, Nate Dogg, Beyoncé, Madonna, The Weeknd, Frank Ocean, e muitos, muitos outros. Estes são apenas os nomes que me vieram imediatamente à cabeça), André 3000 (vocalista dos lendários OutKast) e o multi-instrumentalista Benny Blanco. Creio que os produtores foram cruciais em conseguir tirar de Kid Cudi e de Kanye West o melhor que cada um tinha para dar (e o Kid Cudi bem precisava disso. Os últimos lançamentos dele foram bastante medíocres e ele desesperava por um regresso à sua gloriosa forma da década passada). O álbum começa com Feel The Love, e com esta faixa, eu pude perceber que isto seria algo de especial. Um Kid Cudi que se tem mostrado medíocre nos últimos álbuns canta agora com toda a convicção, do fundo dos pulmões e, de repente e super-inesperadamente, Kanye aparece para rebentar tudo, com um som que se assemelha bastante a balas a serem disparadas. Pela descrição pode parecer esquisito, mas a verdade é que melhor começo era impossível; de seguida temos Fire, que tem um flow fantástico, tanto do lado do Kanye como do do Cudi, mas que fica mil vezes melhor com o intrumental (aquela guitarra. Já para não falar da bateria, com o constante boom, boom, boom, boom); 4th Dimension é uma faixa bastante interessante, principalmente em termos líricos. Aqui, Kanye compara o sexo com uma nova dimensão e até cria uma ou outra situação cómica; Freeee (Ghost Town, Pt.2) é absolutamente viciante. É provavelmente a faixa mais R&B daqui, com a voz do Cudi em destaque; Reborn é o single do álbum, e por boa razão. É de longe o mais comercial, especialmente na instrumentalização, que é guiada pelo piano. Não me surpreendia nada se visse esta faixa na rádio, mas com o tempo que este álbum tem, já é tarde para ter esperanças nesse campo; a faixa-título é outra que é absolutamente viciante. Começando pelo refrão - cantado pelo convidado Yasiin Bey - que fica na cabeça por dias com apenas uma ouvida; e a última faixa, Cudi Montage, parece ter inspirações no Grunge, fazendo-me por vezes fazer lembrar uma demo do Kurt Cobain. Enfim. Este álbum é absolutamente espectacular. Genial. Por favor, ouçam-no. 3. Daughters - You Won't Get What You Want

Géneros: Noise Rock, Rock Industrial, No Wave, Art Punk Data de lançamento: 26 de Outubro Editora: Ipecac Records Em 2010, esta banda originária de Rhode Island lançou o seu álbum homónimo, que foi uma lufada de ar fresco na sua discografia que, até ao lançamento desse álbum, apenas poderia ser classificada como decente. Aumentaram a duração dos álbuns (porque, pelo amor de Deus, o primeiro álbum - Canada Songs - tinha dez faixas mas só durava onze minutos) e exploraram um género mais escuro. Pois bem, assim que lançaram esse álbum, que era suposto ser o último da banda, visto que se separou poucodepois , eles desapareceram do mapa. Em 2018, o grupo restabeleceu-se. Mas por onde andaram durante estes oito anos? Bem, para mim, a única resposta plausível é que eles passaram estes últimos tempos nos confins mais profundos do Inferno, porque lançaram um dos álbuns mais aterrorizantes que ouvi em toda a minha vida. A capa é um mero eufemismo do que jaz dentro do álbum, acreditem em mim. Faixa atrás de faixa, não sei qual a mais mórbida. Este álbum é um autêntico pesadelo. Um feroz filme de terror. Em maior parte dos álbuns, especialmente álbuns caóticos e animalescos como este aqui, eu sinto-me como se estivesse a olhar para uma bolha e para os acontecimentos que lá dentro ocorrem, mas de fora. Este álbum é mais ou menos assim, a única diferença é: eu estou dentro da bolha. Eu sinto o álbum de uma maneira quase física. Uma das melhores experiências musicais da minha vida. Palavra de honra. 2. Jack White - Boarding House Reach

Géneros: Blues Rock, Rock Experimental, Art Rock Data de lançamento: 23 de Março Editora: Third Man Records / Columbia Records / XL Recordings Após a separação do lendário duo The White Stripes, o vocalista da mesma viu-se obrigado a continuar a sua carreira em solo. Organizou-se bem e lançou dois álbuns - Blunderbuss e Lazaretto. Para mim, esses álbuns até são decentes, ouço-os uma vez ou outra, mas sempre tive em mente que o excêntrico Jack White era capaz de muito melhor do que aquilo. Afinal, estamos a falar de uma das mentes mais criativas do Rock actual. Bem, surpresa, surpresa, aqui está! Jack White lançou (curiosamente, no meu aniversário) a tão esperada obra de arte cheia de criatividade. Boarding House Reach é, acima de tudo, um álbum de Blues Rock, mas no meio tem muita experimentação e algumas batidas todas lixadas, como Ice Station Zebra ou Everything You've Ever Learned. Claro, também temos canções que poderiam estar em qualquer um dos outros álbuns (Connected By Love e What's Done Is Done), mas, na minha opinião, estão mais bem organizados e escritos do que (quase) qualquer faixa de Blunderbuss ou Lazaretto. Temos também o eléctrico, rebelde e explosivo Over and Over and Over, que está de certezinha absoluta no meu Top 10 de melhores músicas do ano, por ser bom em tudo: a guitarra descontroladamente controlada (sim, tenho noção da contradição gramatical que fiz aqui), a excelente interpretação vocal tanto de Jack White como dos back-up vocals, o videoclip (talvez o meu videoclip favorito de 2018, junto do still feel dos half-alive e do This is America do Childish Gambino), TUDO! Na minha opinião, este álbum é a prova viva de que o Rock só está "morto" porque a cultura mainstream e os próprios artistas assim o dizem, porque ainda tem muitos caminhos por onde ir sem que tenhamos que considerar Imagine Dragons a banda de Rock mais popular e relevante dos últimos anos (o que dói bastante). 1. twenty one pilots - Trench

Géneros: Indie Pop, Pop Rap, Indietronica, Synth-Pop Data de lançamento: 5 de Outubro Editorah: Fueled By Ramen Bem, eu aposto que vocês estão a achar esta escolha para melhor álbum do ano no mínimo estranha. Afinal, todo o top 10 que apresentei até agora era constituído por géneros mais "esquisitos", como o Hip-Hop Industrial e Abstracto ou o Rock Experimental. Mas sim, o primeiro lugar é um álbum de Indie Pop. E que álbum fantástico! O duo constituído por Tyler Joseph e Josh Dun criou o melhor álbum da discografia deles até agora (melhor do que o homónimo de 2009, o que é dizer bastante) e arrisco-me até mesmo a dizer que é o melhor álbum da editora - Fueled By Ramen. Para começar, a maneira como eles publicitaram este álbum foi muitíssimo criativa e deu-me um hype desgraçado para finalmente pegar nesta obra e ouvi-la. Honestamente, se o Tyler Joseph não fosse músico, ele era muito bem capaz de ser um gajo ligado às publicidades ou assim. O que mais me cativou foi o website que eles criaram e mantiveram durante meses, introduzindo os fãs ao universo de Trench e pondo bastantes pistas sobre o álbum bem na frente do nariz deles, mas sem contexto absolutamente nenhum. Com isso, ele deixou o subrreddit da banda muito bem entretido por quase meio ano. Mas não irei entrar em pormenores com esse website, contudo, se alguém perceber Inglês, pode ir checar o artigo que escrevi no meu antigo blog, onde falei dele ao mais ínfimo pormenor e inclusivamente dei teorias (algumas erradas, outras não assim tão longe) de como seria o álbum. Mas falando do álbum em si: Tyler Joseph produziu os dois primeiros álbuns da banda sozinho, mas assim que o duo assinou com os Fueled By Ramen, decidiram receber outros produtores de braços abertos. Após outros dois álbuns em que Tyler aprendeu imenso sobre produção, ele decidiu voltar a ser o produtor principal do disco, junto do amigo e frontman dos Mutemath: Paul Meany (já para não falar que Josh Dun teve muito mais liberdade neste álbum, ou pelo menos é o que me parece). Neste álbum, Tyler criou um universo chamado Trench, sendo a principal atracção a cidade de Dema, do qual o protagonista Clency tenta escapar por estar sob uma feroz ditadura (isto tudo é uma metáfora para a vida. Dema são todos os demónios e o protagonista tenta ao máximo escapar, com a ajuda dos Banditos, que provavelmente representam os entes queridos de Tyler). Temos como principais referências a este universo faixas como Nico and the Niners, Bandito e Leave the City, contudo, também há faixas totalmente fora do universo, narrados mesmo por Tyler (My Blood, Smithereens e Legend). As melhores obras líricas deste álbum verificam-se em Neon Gravestones, que é um apelo da parte de Tyler para que não se glorifique o suicídio ou aqueles que optem por essa via e que se deve sim glorificar os idosos e a vida pela qual eles passaram, chegando a pedir que, caso ele "se perca em si mesmo" e opte por essa mesma via, que não lamentem (tanto entes queridos como fãs) a morte dele por um único segundo. Para tentar provar o quão ridícula é esta Filosofia de exaltar quem morre cedo, Tyler afirma que bem podia aumentar a sua reputação ao simplesmente terminar a sua vida; temos também Smithereens, que é uma declaração de amor de Tyler à sua esposa, Jenna, afirmando que era capaz de se meter com um tipo muito maior do que ele, por ela; e Legend, dedicado ao seu recentemente falecido avô (o homem que está à esquerda na capa de Vessel). Uma despedida bastante emotiva com a qual muito se identificarão. Mas este álbum não é só uma beleza lírica. Temos a instrumentalização, que é tão bem produzida que dói. O kickstarter, Jumpsuit, é das melhores músicas de Rock do ano, chegando a ter sido nomeada pelos Grammys na categoria de "melhor música de Rock do ano" (e, ao contrário do que muitos pensam, o Rock é algo raro nos twenty one pilots. Eles são tomados pela cultura mainstream como uma banda Rock, mas as únicas músicas que podem ser classificadas como tal são esta e, por um fio, Heathens), em Levitate verifica-se "só" a melhor performance de Hip-Hop de Tyler Joseph em toda a sua carreira, My Blood - que tem um videoclip certamente inspirado em Fight Club - é uma música Disco bastante agradável com uma letra tocante, Chlorine fica na cabeça, realmente, o verso "this beat is a chemical" verifica-se, e Pet Sheetah é uma faixa que roça o animalesco. Vê-se uma grande diversidade mas toda ligada uma à outra graças à genial produção. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

E é isto. Acabou. O que acham? Concordam? Falhei algum que vocês adoram? Se sim, avisem aí nos comentários. É impossível eu conhecer a música toda de 2018 e estou sempre aberto a sugestões!

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