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Chico da Tina - "Minho Trapstar" (crítica)

  • Foto do escritor: João Pedro Antunes
    João Pedro Antunes
  • 20 de dez. de 2019
  • 2 min de leitura

Artista: Chico da Tina

Data de lançamento: 20 de Novembro de 2019

Géneros: Trap, Rap Cómico, Pop Rap

Editora: Branditmusic

Um fenómeno apadrinhado pela Internet, Chico da Tina - autor de músicas de sucesso nacional como Põe-te Fino - lançou o seu primeiro álbum: Minho Trapstar. Nesta obra, o trapper do Alto Minho contou com uma produção excepcional vinda de nomes como Kellsey (Apresentação Interactiva, Deitei Tarde Acordei Late e Triangle Chest), Curren$y + Bejaflor (Romarias, Freicken e Minho Trapstar) e Guilhermenz (Sou Rei), mas também usou a sua habitual lírica de teor essencialmente humorístico como uma ferramenta para tornar o álbum mais característico, e sinceramente, resultou: a personagem que Chico da Tina representa consegue inserir o Trap dentro de uma portugalidade bastante perceptível, publicitando a cultura minhota e levando a sério todas as suas influências, desde Quim Barreiros a Yung Lean. Para qualquer pessoa que nunca tenha ouvido falar desta personagem, não se preocupem: a faixa de introdução - Apresentação interactiva - serve perfeitamente para apresentar Chico da Tina ao ouvinte.

Contudo, apesar de toda a comédia a rondar o álbum, Chico da Tina ainda é para ser levado a sério... até mesmo liricamente. A verdade é que a letra não contém só "palhaçadas", não é só porrada com o segurança à porta do Resort (Sou Rei), comilanços com a ex-professora do Ensino Básico (Cabral Moncada) ou atrapalhamentos no seu lema de vida (Minho Trapstar). O conteúdo lírico do álbum tem, muitas vezes, mensagens sérias por trás, apesar de todas estas situações cómicas servirem como a alma do álbum.

Temos em Minho Trapstar de tudo: desde profundas introspecções à fama e as suas consequências (Deitei Tarde Acordei Late: a música mais íntima da obra, a meu ver) ao facto de ele achar que está constantemente a ser subestimado, afirmando que trabalhou de forma bastante árdua para aperfeiçoar a personagem para ser "sublime como os Gregos Antigos" (Sou Rei) e que nunca precisou "de amigos influentes" e nunca foi um "YouTuber da piça" (Triangle Chest), tendo, "devagar, devagarinho", chegado "ao topo sozinho" (Minho Trapstar). Há quem considere muitas das suas declarações egocêntricas, mas a meu ver, foram lapidadas para parecerem como tal, tendo um fundo de verdade.

Ainda em termos líricos, destaco também Freicken, no qual Chico da Tina leva o jogo de palavras ao extremo, tornando a música quase indecifrável mas hipnotizante e bastante, bastante orelhuda.

Claro, nem tudo é um mar de rosas: eu vejo na parte final uma queda de qualidade, quer seja lírica ou instrumental (principalmente Baby, que vejo como o elo mais fraco de toda a obra. A voz cantada de Chico da Tina não fica lá muito bem) e a faixa final deixou um pouco a desejar, não por ser má, mas por não ser, a meu ver, a faixa ideal para fechar um álbum como este.

Todavia, apesar dos contras, continuo a não-ironicamente ver Minho Trapstar como um dos melhores álbuns portugueses de 2019, e vejo em Chico da Tina um grande potencial e uma das mentes mais criativas noTrap lusitano.

Chico da Tina, leva o meu 16/20!

O álbum já está disponível. Ouve-o, em honra de Pedro Alexandrino de Carvalho: Rest in Piece (1729-1810).


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