Death Grips - "Gmail and the Restraining Orders" (Crítica)
- João Pedro Antunes
- 5 de jul. de 2019
- 2 min de leitura
Nome: Gmail and the Restraining Orders Artista: Death Grips
Data de lançamento: 21 de Junho de 2019 Géneros: Colagem de Sons, Improvisação Livre, etc...
Editora: Third Worlds Records
Qualquer um que tenha visto Death Grips ao vivo por volta de 2015 reconhecerá este EP, visto que era o que passava nas colunas antes do concerto em si começar. Bem, eu nunca vi o grupo ao vivo nem sou um fã muito activo na comunidade, por isso nunca tinha ouvido falar deste projecto. Aliás, eu fui ouvir a obra totalmente às cegas, sem saber a menor ideia de como era.
Não sabia mesmo o que me esperava... Coitado de mim. Ao clicar no play, deparei-me com um caos absolutamente maníaco, cru e animalesco que se alongou por todo o lançamento sem sequer um segundo de intervalo.
Eu creio que a bateria é a principal base deste lançamento. Zach Hill toca ininterruptamente por 28 minutos e de uma forma insanamente agressiva e intensa, sendo acompanhado por electrónicas injuriosas e pelos vocais de MC Ride, que são muito mais aterrorizantes do que o normal. Estas últimas, por serem electronicamente alteradas, acabam por quase impossibilitar a compreensão das letras (o Genius bem tentou).
Era de facto impossível não ficar especado a ouvir atentamente ao que se passava ali. Passei todo o tempo com pensamentos como: "Mas que raio? Porque é que isto soa tão caótico e porque é que eu estou a gostar?". Mas eventualmente acabou, e depois de tanto caos, até o silêncio me passou a soar esquisito durante alguns minutos.
Mas enfim, eu até gostei da experiência. Ouvi aqui Death Grips no seu auge de dissonância, lançando um EP parecido com Steroids mas em esteróides. Foram 28 minutos de pura agressividade. Contudo, admito que isto não é para qualquer um: maior parte das pessoas irão achar isto horripilante. Aliás, até mesmo uma boa porção de fãs de Death Grips - mais especificamente aquela que procuram o mais acessível da discografia do trio - é capaz de achar este EP desnecessário. Porém, eu acho que é único dentro da discografia do grupo. Não é algo que eu vá ouvir com muita frequência (até porque não é algo que eu esteja sempre no mood de ouvir), mas é no mínimo bastante interessante. Claro, também não está perto de ultrapassar obras-primas como The Money Store ou Year of the Snitch, mas é de facto uma experiência que eu considerei valer a pena.
Da minha parte, leva um 17/20.
Apesar de não existir ainda qualquer áudio oficial do lançamento na Internet, podemos ouvir versões pirateadas no YouTube. Aproveitem, é perfeito para o exame de piano dos vossos filhos:
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