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Twenty One Pilots: Do Pior ao Melhor

  • Foto do escritor: João Pedro Antunes
    João Pedro Antunes
  • 27 de jun. de 2019
  • 10 min de leitura

Estreei esta rúbrica - denominada Do Pior a Melhor - com os britânicos Arctic Monkeys. Desta vez, as vítimas serão os Twenty One Pilots.

Formados em 2009 na cidade americana de Columbus, OH por Tyler Joseph, Nick Thomas e Chris Salih (os dois últimos abandonaram o projecto em 2011, com Josh Dun a entrar no lugar deles), o grupo rapidamente começou a chamar à atenção e foi contratado pela editora Fueled By Ramen pouco depois do lançamento do segundo álbum (Regional at Best). Desde o dia em que essa contratação foi tornada pública que a popularidade do duo cresceu drasticamente: primeiro a nível alternativo, com o lançamento de Vessel; depois a nível Mainstream, com o lançamento do quarto álbum (Blurryface), que inclui singles de extremo sucesso, como Stressed Out e Ride.

Apesar da popularidade se ter desvanecido um pouco a nível Maisnstream ao longo dos últimos dois anos, o duo ainda está longe de parar: lançaram o seu quinto álbum (Trench, que foi um sucesso bastante razoável em termos de críticas) e ainda mantêm a sua gigantesca e unida fandom. Existe inclusivamente quem consiere Tyler Joseph um dos melhores compositores da sua geração!

Enfim, irei ordenar os cinco álbuns do duo por ordem de preferência própria (do pior ao melhor). Tenham em mente que serão apenas mencionados os álbuns do duo, por isso não irei ter em conta o álbum a solo do Tyler (No Phun Intended) ou singles que não estão incluídos em qualquer um destes álbuns (Time to Say Goodbye, Cancer, Heathens, etc…).

Dito isto, começemos:


Géneros: Indie Pop, Pop Rap, Indietronica

Data de lançamento: 8 de Julho de 2011 Classificação do RateYourMusic: 2.68/5.0 (584 classificações)

Editora: Independente

Regional at Best marca o início da carreira dos Twenty One Pilots enquanto duo, depois de Chris Salih e Nick Thomas terem saltado do barco nesse mesmo ano. Neste álbum, Tyler e Josh dão-nos muitas vezes um instrumental bastante feliz, mas não se enganem: as letras - apesar de não serem tão dramáticas e escuras como o álbum anterior - ainda têm um teor bastante introspectivo, com letras encharcadas de religião (Trees), lutas contra demónios pessoais (Anathema) e mensagens encorajadoras dirigidas ao ouvinte (Lovely). Porém, temos também a introdução de, por exemplo, letras que abordam a nostalgia (Slowtown): um assunto que o duo passaria a usar frequentemente em álbuns futuros (não esquecer o hit Stressed Out!). Agora, apesar de o LP ser uma boa experiência musical, eu vejo nele certas falhas que justificam o quinto lugar: o auto-tune dispensável nesta versão de Trees e a integridade de Be Concerned (que eu considero a canção mais fraca de toda a discografia do grupo, principalmente devido à letra, que considero roçar por vezes o constrangedor) são os dois exemplos que considero merecedores de nota. Mas também existem bastantes pontos fortes neste lançamento! Já vi quem dissesse que Kitchen Sink é uma canção suicida, mas na verdade é oposto: nesta canção Tyler afirma que uma boa maneira de tentar encontrar um significado para viver é a partir da criação de uma peça de arte que só o autor é capaz de compreender. No seu caso, a peça de arte foi feita a partir de uma pia de cozinha e tem-lhe um grande significado, apesar de não conseguir explicar a outros a razão para tal. Outras canções que destacaria neste álbum são Glowing Eyes e Lovely. Glowing Eyes -apesar do seu ritmo felicíssimo - analisa o comportamento humano aos seus demónios pessoais e à ideia da morte certa e imprevisível de cada um de nós; já Lovely é uma mensagem carinhosa a todos aqueles que estão a ter um mau dia ou a pensar que nada vale a pena. Além de Trees, temos outras quatro canções que seriam re-gravadas para o álbum seguinte (sendo essa uma das principais razões pela descontinuidade do álbum nas plataformas de streaming). Todas elas são quase idênticas à versão re-gravada (aquela cujas diferenças são mais notáveis é mesmo a Trees). O instrumental da primeira versão destas faixas é produzido de uma forma muito mais simplista do que o da versão do Vessel, estando bastante a par com todo o ambiente do lançamento.


Géneros: Pop Rap, Electropop, Indietronica, Indie Pop

Data de lançamento: 8 de Janeiro de 2013

Classificação do RateYourMusic: 2.77/5.0 (1.8K classificações)

Editora: Fueled By Ramen

Em Vessel, vemos uma drástica mudança no grupo em termos de produção. Isto por duas razões: foi o primeiro álbum lançado pelo duo após assinarem o contrato com a editora Fueled By Ramen e foi o único lançamento no qual Tyler fez menos parte da produção (que foi chefiada por Greg Wells, que já havia trabalhado com inúmeros nomes gigantes da indústria, desde Katy Perry a Weezer). A ultra-produção é por vezes um risco imenso (basta ver álbuns como 21st Century Liability do Yungblud ou bloom de Machine Gun Kelly, que têm a ultra-produção como um dos principais culpados para aquilo que eu considero um fracasso), mas Greg Wells fez disso uma virtude neste álbum, transformando-o numa experiência razoavelmente memorável. Este lançamento abre logo a matar com Ode to Sleep, onde temos a maior prova da mudança drástica produtiva de um álbum para o outro (até porque a faixa já havia sido introduzida em Regional At Best). Depois disso, temos uma grande festa de Indietronica/Indie Pop, excepto em duas músicas: House of Gold e Truce. A primeira é uma canção que consiste apenas em voz, ukulele e percurssão; já a outra é uma balada de piano que não faria sentido estar noutro sítio senão no fundo da tracklist. Destaco também The Run and Go (que facilmente poderia ser incluído no primeiro álbum sem tirar a magia deste, mas que fica tão bem em Vessel que é melhor deixá-lo quietinho onde está) e Trees, com uma versão já sem auto-tune e muito mais apreciável. Liricamente, não há grande diferença entre Vessel e Regional At Best. Não digo isto exclusivamente por ambos terem cinco faixas em comum (Ode to Sleep, Holding On To You, Car Radio, Guns For Hands e Trees), mas por abordar exactamente o mesmo que o seu antecessor: religião (Fake You Out) e lutas contra demónios pessoais (Migraine). Além disso, temos também House of Gold, com uma letra super-fofa na qual Tyler promete que se manterá do lado da sua mãe até ao fim, custe o que custar. São também dignas de nota algumas das versões re-gravadas, que também têm o seu grande impacto no projecto: Holding On To You, por exemplo, é um excelente single que retrata a fidelidade que Tyler tem para com Deus, mesmo que ele esteja condenado a viver uma vida na qual a sua depressão e outros demónios poderão atacar a qualquer momento. Eu diria inclusivamente que é a melhor faixa que este álbum oferece, ao contrário de Car Radio, que eu considero o ponto fraco da obra. Sim, é uma faixa tolerável, mas não é algo que eu volte para ouvir com muita frequência. Aliás, eu acredito inclusivamente que é a única faixa onde a ultra-produção foi ligeiramente exagerada. Enfim, percebe-se perfeitamente o sucesso alternativo que o álbum acabou por ter. E é uma experiência memorável! Porém, eu considero que, apesar de todos os ritmos captivantes que Vessel tem, não é equiparável aos três álbuns que se seguem.


Data de lançamento: 18 de Maio de 2015

Géneros: Pop Rap, Electropop, Pop Reggae, Pop Rock

Classificação do RateYourMusic: 2.26/5.0 (3.2K classificações)

Editora: Fueled By Ramen

Este é indiscutivelmente o álbum de maior sucesso do duo. É nele que encontramos os hits Stressed Out e Ride, por exemplo. Vemos também uma sonoridade diferente da de Vessel. Aliás, eu diria que vemos muitas sonoridades aqui. O que mais vemos é Electropop e Pop Reggae, mas com certas inspirações no Rock (Heavydirtysoul), no Indie (We Don’t Believe What’s On TV) e até mesmo no Drum-Funk (Lane Boy) e no Brostep (Fairly Local). E já agora... o Josh toca trompete? Ainda vemos o tipo de letras introspectivas que também estavam presentes nos três álbuns anteriores, abordando religião (The Judge), nostalgia (Stressed Out), morte (Heavydirtysoul) e “guerras civis” na mente de Tyler (Not Today). Além disso, vemos também canções de amor (Tear in My Heart), críticas à indústria musical actual (Lane Boy) e Message Man, no qual Tyler transmite a todos os que analisam as suas letras (ah, a ironia!...) para não julgarem que o conhecem somente a partir das mesmas. Porém, as letras de Blurryface têm algo que as diferenciam da lírica dos seus antecessores: estamos a falar de um álbum conceitual. O álbum retrata a relação de Tyler com um personagem denominada de Blurryface (que personifica os seus demónios pessoais) e como ele o afecta em todos os aspectos da sua vida, desde a religião (Hometown) à sua relação para com aqueles que lhe são próximos (We Don’t Believe What’s On TV). Enfim, basicamente acredito que, em Blurryface, Tyler apresentou-nos as suas letras mais pessoais desde o álbum homónimo. No entanto, aquilo que eu acho mais interessante nesta obra é o facto de ela poder ser considerada um ciclo. Após julgar ter derrotado Blurryface de uma vez por todas em Not Today, Tyler vê-se obrigado a suplicar a Deus que o expulse de uma vez assim que o vê regressar em Goner. Agora, o que me faz querer parecer que o álbum é realmente um ciclo é o facto de a versão original da canção (datada de 2007) terminar com a introdução de Heavydirtysoul (a faixa de abertura da obra). Talvez seja coincidência, mas gosto da ideia e tenho motivos que a fortalecem. Ainda assim, mesmo que seja coincidência, nada tira o mérito que Goner tem enquanto faixa final de Blurryface. Quem ouve o álbum pela primeira vez e chegue à faixa final estará à espera que Tyler use a mesma fórmula que usou para terminar Vessel (até porque a primeira parte de Goner é uma melodia de piano, tal como Truce). No entanto, a certa altura a canção explode de uma forma inesperada, passando a ficar replecta de pânico, desespero e ansiedade, causando um sentimento de suspense assim que o álbum termina.


Géneros: Indie Pop, Pop Rap, Indietronica, Synth-Pop Data de lançamento: 5 de Outubro de 2018 Classificação do RateYourMusic: 3.19/50 (2.1K classificações)

Editora: Fueled By Ramen / Elektra Records

Três anos após o sucesso que foi Blurryface, os Twenty One Pilots voltam com Trench. Neste quinto álbum, pode-se verificar uma drástica mudança de sonoridade (apesar de ainda existirem alguns resíduos do Pop Reggae distribuído no álbum anterior nas faixas Nico and the Niners e Cut My Lip). Isto acontece principalmente porque é a primeira vez que Tyler chefia a produção desde Regional At Best (com a ajuda de Paul Meany, frontman dos Mutemath) e devido ao facto de ele ter usado o baixo como base para a esmagadora maioria do álbum (em vez do piano, como sempre havia feito). O álbum arranca com Jumpsuit, uma canção de Rock Alternativo com um riff de baixo absolutamente destrutivo, esmagador e avassalador que faz lembrar bastante Death From Above 1979. Tem também a sua parte fofa pelo meio, mas acaba por voltar para dar um knockout pesado no fim e para levar o ouvinte para Levitate, uma faixa orgasmicamente bem produzida e com o melhor flow que Tyler alguma vez nos apresentou em toda a sua carreira musical. Trench tem faixas perigosamente catchy (My Blood, Chlorine e The Hype), baladas mais calmas (Leave the City), performances brilhantes de baixo (Cut My Lip) e até mesmo explosões electrónicas animalescas que fazem lembrar o género Electroclash mas em esteróides (Pet Cheetah), mas também tem Legend, que me é pessoalmente destacável por... ter uma melodia vocal que me faz lembrar (demasiado) a de I Wil Buy You a New Life - dos Everclear - desde o primeiro dia em que a ouvi. Ah! E não esquecer a performance brilhante que Josh nos apresenta, principalmente em Jumpsuit, Neon Gravestones e Pet Cheetah. Acerca da lírica, esta obra leva o conceito de álbum conceitual ainda mais longe do que levou o seu antecessor. Enquanto em Blurryface Tyler ficou-se apenas por criar uma personagem, em Trench ele criou um universo inteiro! Dava inclusivamente para fazer uma banda-desenhada inteira só a partir dos videoclips, deste site recheado de Easter Eggs e das letras do álbum, cujo significado ainda não é certo mas apostaria que é uma introspecção à fama que o duo obteu repentinamente e à indústria musical no geral (tenhamos em atenção Neon Gravestones, em que Tyler condena a glorificação de artistas recentemente mortos, abordando inclusivamente a crença de que o seu suicídio facilmente daria um boost à banda. Até porque, convenhamos, esta glorificação é algo que acontece com bastante frequência: relembremos as mortes relativamente recentes de artistas como XXXTentacion, Avicii ou Chester Bennington). Porém, poderia também ser a clássica luta entre Tyler e os seus pensamentos negativos. Além desta lore digna de série de sucesso da Netflix, temos também letras mais pessoais. Smithereens é uma canção de amor meio goofy mas que faz o seu trabalho decentemente; Legend é uma canção extremamente emotiva dedicada ao seu avô, que havia falecido durante a gravação da faixa. Enfim, Trench é uma obra com as faixas ligadas uma à outra por uma produção surpreendente, e de uma forma cirurgicamente perfeita.


Géneros: Indie Pop, Indietronica, Pop Barroco, Pop Rap, Singer/Songwriter, Piano Rock

Data de lançamento: 29 de Dezembro de 2009 Classificação do RateYourMusic: 2.85/5.0 (905 classificações) Editora: Independente

Quando comecei a ouvir Twenty One Pilots (pouco após o lançamento de Blurryface), eu considerava este o pior álbum do grupo. Parecia-me aborrecido, monótono e morto, comparadamente aos outros lançados até então. Todavia, à medida que fui crescendo comecei a ver melhor a beleza na sua instrumentalização, tendo inclusivamente uma produção que ainda soa minimamente profissional, apesar de se tratar de um álbum independente. Isso mostra que o trio (este é o único álbum com Chris Salih e Nick Thomas enquanto membros do grupo) sabia de facto o que estava a fazer. Claro, não tem uma produção extraordinária como Trench, mas a verdade é que este álbum foi feito para ser nu e cru, ao contrário do último LP lançado até agora, que foi feito para ter uma sonoridade limpa e cristalina. Destaquemos também a química entre os três membros: o piano de Tyler namora com o baixo de Nick Thomas de uma forma incrível, tendo a bateria de Chris Salih e os beats electrónicos ocasionais a marcar ritmo (The Pantaloon é o melhor exemplo disso). Em certas alturas, há uma explosão electrónica (Implicit Demand for Proof e Friend, Please, por exemplo) ou melodias de piano lentas e saturadas de desesperança (A Car, A Torch, A Death) que causam um clímax extremamente emocional. Já liricamente, Twenty One Pilots tem as letras mais pessoais (e de longe) que a banda de Columbus alguma vez lançou. Tyler – um cristão devoto - faz uma grande introspecção à figura de Deus (especialmente em Implicit Demand for Proof, no qual ele exige que Deus prove a sua existência; e em A Car, A Torch, A Death), ao significado da existência humana no geral (March to the Sea e The Pantaloon) e até mesmo no próprio conceito de felicidade (Johnny Boy). É uma obra absolutamente niilista, com pensamentos que com certeza muitos de nós passaram em pelo menos algum momento da nossa vida. Porém, é um niilismo maioritariamente negativo. Apesar de Tyler tentar ser positivo em, por exemplo, Johnny Boy ou Taxi Cab, a verdade é que ele acaba sempre por ser sugado por aquilo que ele considera ser a verdade universal (e um dos princípios da doutrina): a vida não tem significado. Tal ideia aterroriza-o, como podemos ver em Fall Away ou Trapdoor. Basicamente é uma obra captivante, interessante, nua e crua. É um niilismo negativo deambulante que não se vê em mais nenhum álbum do grupo (e vendo bem, isso até é bom sinal). Apesar de apreciar toda a discografia do grupo, o álbum de estreia é o meu favorito por ter muito mais profundidade, intimidade e desesperança que todos os outros. Claro, nunca chegaria ao extremo de afirmar que é um álbum que agradaria até a quem não é fã dos outros quatro álbuns, até porque ainda é um projecto dos Twenty One Pilots, logo ainda tem um certo Pop Rap que sempre lhes foi característico. Porém, considero que seja uma obra que mesmo aqueles que não apreciam Blurryface ou Trench deviam experimentar pelo menos uma vez.

Assim terminamos. E qual é o vosso álbum favorito dos Twenty One Pilots?

Deixo-vos com uma pequena compilação de best-off's da banda (infelizmente, como Regional At Best não está incluído no Spotify, também não está incluído na playlist)


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